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Comprar cerâmicas? O que estou a pagar?

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Vinda da terra, a faiança é uma matéria humilde, muitas vezes (e injustamente) vista como barata. “É só barro” – uma frase que, enquanto fabricantes de cerâmica, estamos acostumados a ouvir e em relação à qual temos algo a dizer: sim, é barro, mas são muitos os fatores envolvidos na transformação do simples barro em belos trabalhos de arte e design. Quais são então os principais fatores que determinam o preço das nossas cerâmicas?

Artesanato Industrial – De mão em mão

A produção de uma peça em cerâmica envolve um processo faseado no qual grande parte trabalho é desenvolvido manualmente.

“Na nossa fábrica, a mão de obra representa cerca de 60% do custo da peça, algo que não nos surpreende quando concluímos que cada peça é, em média, tocada por 8/10 pares de mãos diferentes ao longo do processo”, refere Carla Moreira, CEO da Arfai.

Do enchimento, onde homens e mulheres experientes enchem manualmente os moldes de gesso, virando-os e abrindo-os cuidadosamente, ao acabamento, onde a peça é raspada e esponjada à mão, até à aplicação de vidro e pintura onde as talentosas mãos das nossas colaboradoras (sim, são só mulheres!) decoram a peça.

(Saiba como é feita uma peça em cerâmica)

Por que tem então uma peça de maior dimensão um custo mais elevado? Em alguns casos, são necessários mais do que um homem ou mulher para manusear os moldes. E por que é uma peça de pequena dimensão não muito mais barata do que uma jarra de tamanho médio? Pois está em causa o mesmo tempo de produção e o mesmo trabalho manual.

O Gás

Talvez o mais conhecido, o gasto energético é o segundo maior custo na produção de uma peça de cerâmica. Com cada artigo a receber, pelo menos, duas cozeduras: a primeira num processo de chacotagem e, a segunda, após a aplicação do vidrado – o gás representa um investimento significativo que é dependente dos contextos geopolíticos envolventes.

A culpa é da plasticidade

Devido à sua composição, a pasta cerâmica tem uma particularidade determinante – a plasticidade. Esta é a característica que, por excelência, permite a transformação da pasta, mas é também uma das grandes responsáveis pela fragilidade da cerâmica ao longo da produção.

Na cozedura, as elevadas temperaturas do forno secam a humidade presente na pasta, endurecendo-a, mas até lá, são diversos os fatores que podem impactar o processo – uma suave corrente de ar que poderá entortar as peças de maior altura, um dia bem quente de verão que, ao acelerar o processo de secagem, provoca uma contração heterogénea da pasta, ou, em vez disso, um dia chuvoso cujos níveis de humidade atrasam o tempo de secagem necessário. Estes fatores são incontroláveis e ao aumentar a probabilidade de quebras, atrasam a capacidade de produção e – uma vez que tempo é dinheiro – refletem-se no custo de cada artigo.

Aplicar decoração, acrescentar valor

Numa peça de cerâmica, o custo do vidrado é superior ao custo da pasta.” – explica Helena Jerónimo, Contabilista da Arfai.

Vidrados reativos, selénios, metálicos e lustrinas? Considere o custo do vidrado em si e tenha em conta como é aplicado – muitas opções de acabamento, como o caso das lustrinas, implicam um processo de terceiro fogo que irá aumentar consequentemente, tanto a mão de obra, como a energia. Assim, num design, o vidrado escolhido é decisivo para o custeamento final, definindo o respetivo estilo e posicionamento – segmento baixo, médio ou alto? Na Arfai, fornecemos todos eles.